segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

5 temas que tinham tudo para dar errado e surpreenderam (V. Underground)

Bom, chegou novamente a hora de eu roubar um post do Chuva de Nanquim e subverter para os meus interesses. Acho que isso será mais fácil pra mim do que foi para o Luk, afinal de contas, temas diferenciados são uma das coisas que fazem mangás undergrounds, serem undergrounds. Sem mais enrolações dessa vez, aqui estão cinco mangás que deveriam ter dado errado, mas que brilharam com excelência:


5-Hikaru no Go

Começamos com um repeteco do ChuNan, mas não consegui deixar Hikaru no Go de lado. Um mangá sobre um jogo de tabuleiro para velhos, com regras difíceis de explicar, de desenvolvimento lento e com pouca ação, sendo publicado na maior revista de mangás para garotos… Como algo assim foi se tornar o melhor caso de crescimento de personagem já presenciado em uma obra sequencial? A evolução e capricho na arte por parte do Obata e o planejamento de enredo cuidadoso por parte da Hotta explicam isso, mas só lendo e presenciando o Hikaru se tranformar de um garoto mimado em um jovem-adulto decidido para entender. Mais bajulação minha por Hikaru no Go aqui.
Hikaru no Go foi publicado no Brasil pela JBC
4- Real

Acho que possa ficar parecendo um pouco forçado Real nessa lista. Quando Inoue começou a escrever essa obra, ele já era O Inoue, então é claro que uma obra com esse tema poderia ser desenvolvida brilhantemente por ele, tanto do lado do esporte (Slam Dunk), quanto no lado dos conflitos dramáticos/emocionais (Vagabond).
Mas pra falar a verdade, acho que pouco gente realmente dá o valor que Real merece. Só o fato do autor ter conseguido fazer um mangá sobre cadeira de rodas, não ficar parecendo alguma matéria de jornalista estagiário no Globo Esporte, é um feito quase inacreditável. “Cadeira de Roadas” é uma temática que, talvez, não corra tanto riscos quanto parece, mas pra fazer da forma que foi feita pelo Inoue, isso sim requer maestria e é por isso que Real entra nesta lista.
Review: MU // ChuNan
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3- Kokou no Hito

Acho que é simplesmente muito difícil pensar em um mangá de esporte que queira realmente se sobressair depois de Slam Dunk. O mangá de basquete definitivamente marcou uma linha de qualidade e impacto que provavelmente nunca será ultrapassada, qualquer mangá de esporte (sendo isso justo ou não) que saiu depois de 1996 será inevitavelmente comparado com a obra prima do Inoue, é por isso que, por exemplo, Kuroko no Basket sofreu muito pra fazer sucesso na Jump, foi só recentemente que o público resolveu olhar pra ele com: “Tá bom, você não é necessariamente um cópia de Slam Dunk”.
E é por isso Kokou no Hito já começa em desvantagem, qualquer mangá de esporte depois de Slam Dunk vai começar com um pé atrás, mesmo sendo um seinen. Agora, um mangá de esporte, depois de Slam Dunk, sobre montanhismo, adaptado de um livro e com temática existencial… isso requer coragem e muita habilidade. Kokou no Hito entra na lista não só porque tem uma temática diferente, mas principalmente por ter uma temática diferente E uma execução perfeita. Review
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2- Crimsons

Talvez esteja um pouco cedo, mas acredito que depois de 3 volumes muito concretos já podemos dizer com certa firmeza que Crimson é sim, muito, muito bom. Exatamente, um mangá que começa no maior estilo battle-shounen, só que ao eu em vez de um garoto de 14 anos…. um cardume de salmões, é muito bom. É claro que mais tarde esse battle-shounen acaba se tornando em uma jornada épica sem precedentes, mas só o conceito de DragonBall de peixes já mataria este mangá logo de começo.
O balanço entre dois núcleos separados consistente, os textos criativos e filosóficos no começo e fim de cada episódio, um estilo narrativo que prende o leitor e uma arte que não inova, mas também não deixa a desejar tornam esse mangá com temática bizarra, mesmo que em seu começo, quase um obrigatório para os já aficionados na mídia. Um cult-moderno.
Review
1- Onani Master Kurosawa

Um mangá de produção independente, com temática dramática e conflitos psicológicos… sobre um garoto que se masturba todo dia no banheiro feminino. Não importa o quão bem inúmeros blogs falem bem de Kurosawa, é simplesmente impossível começar a leitura deste mangá sem uma certa desconfiança. É inevitável o: “Isso aqui não pode ser tudo o que falam”. Esse próprio pensamento é um dos trunfos do mangá, o leitor vai com a expectativa baixa e encontra essa maravilhosa obra que explora e disseca os confins do que consideramos o relacionamento humano. Sem nem sombra de dúvida, de todos os mangás que conheço, Onani Master Kurosawa é o que mais tinha pra dar errado, mas deu a volta por cima com a maior maestria.

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